“A arte de esconder informações em imagens”

O que é...
A esteganografia consiste numa técnica de ocultação de informações dentro de outros tipos de arquivos, como imagens, áudio, vídeos ou textos, de forma que a presença dessas informações seja imperceptível aos olhos ou ouvidos de terceiros. Essa técnica é utilizada para transmitir mensagens de forma secreta, com o objetivo de manter a confidencialidade e a privacidade das informações.
Com os avanços tecnológicos, a esteganografia tornou-se mais sofisticada e amplamente utilizada na era digital, permitindo que dados secretos possam ser inseridos em praticamente qualquer mídia, desde uma chave de autenticação a uma música, um texto ou uma imagem e ser dividida entre vários arquivos. Os arquivos multimídia são os melhores “contêineres” para mensagens secretas, que podem variar de um arquivo de texto inócuo a conteúdos protegidos por direitos autorais e código malicioso. Uma simples e inocente fotografia pode esconder um malware, ou até mesmo um livro inteiro.
Atualmente, o processo de esconder dados em fotos, memes ou ilustrações é um dos mais comuns e dos mais difíceis de rastrear.
Origem...
A palavra “esteganografia” tem origem grega e surgiu junto com a criação da escrita, sendo derivada de “steganos”, que significa “escondido”, e “graphein”, que significa “escrita”. A esteganografia tem sido utilizada ao longo da história, com registros que remontam a civilizações antigas, como os gregos e os romanos. Métodos arcaicos de esteganografia, consistiam em desde tatuar o couro cabeludo com mensagens importantes, ocultando-as deixando o cabelo crescer, a textos aparentemente normais mas que usam cifras específicas, só capazes de serem identificados por quem possui a chave.
Não existe registro específico sobre quem inventou a esteganografia, pois essa técnica tem sido utilizada há muitos séculos e ao longo da história por diferentes culturas. No entanto, o uso moderno da esteganografia na era digital tem sido amplamente reconhecido por investigadores e especialistas em segurança da informação, que desenvolveram as primeiras ferramentas de esteganografia digital na década de 1980 e 1990, com o objetivo de proteger as informações sensíveis e recebidas.
Estudiosos debatem há séculos se Leonardo da Vinci teria escondido ou não mensagens secretas na sua obra mais notável, pintada supostamente em Florença, nos primeiros anos do século XVI (entre 1503 e 1506) a famosa Mona Lisa.
É difícil determinar com precisão quais países usam com mais intensidade, uma vez que a natureza secreta dessa técnica dificulta a coleta de dados estatísticos. No entanto, é sabido que países com um alto nível de atividades de espionagem, como os Estados Unidos, Rússia e China, têm um interesse significativo na esteganografia como uma forma de comunicação secreta.
Como funciona...
Para criar uma mensagem esteganográfica, é necessário um software ou aplicativo específico, conhecido como “ferramenta de esteganografia”. Existem diversas ferramentas disponíveis online ou para download, que permitem ocultar informações em diferentes tipos de arquivos. Por exemplo, um arquivo de imagem pode ser usado como “capa” para ocultar uma mensagem dentro de sua estrutura de dados.
As informações secretas podem estar contidas nos metadados de um arquivo multimídia, ou até mesmo nos pixels de uma foto ou vídeo. Neste caso, cada pixel alterado guarda uma parte da informação que se deseja ocultar, que pode ser dividida entre dois ou mais contêineres.
Em geral, mudar fotos consiste em alterar de 1 a 3 bits da descrição de um formato RGB, que ocupa 24 bits de memória. As alterações são praticamente imperceptíveis ao olho nu e passarão incólumes por sistemas de segurança menos preparados, chegando ao destino tranquilamente.
Finalidade...
A finalidade do uso da esteganografia pode variar, desde fins legais até ilegais. Em contextos legais, pode ser usado para proteger informações sensíveis ou passivas, como dados pessoais, propriedade intelectual, ou comunicações governamentais. Por outro lado, em contextos ilegais, a esteganografia pode ser usada para atividades criminosas, como a transmissão de mensagens secretas em atividades de espionagem ou em crimes cibernéticos, como o compartilhamento de material ilegal, como pornografia infantil.
Os crimes mais comuns em que a esteganografia costuma ser utilizada como técnica de ocultação de informações são:
Ciberataques: Em alguns casos de ciberataques, os criminosos usam a esteganografia para ocultar códigos maliciosos ou outras informações dentro de arquivos aparentemente inofensivos, como imagens ou documentos, a fim de se infiltrar malware em sistemas de computadores ou redes, roubar informações protegidas ou executar atividades ilegais .
Compartilhamento de material ilegal: A esteganografia também tem sido utilizada para ocultar a transmissão de material ilegal, como pornografia infantil, dentro de arquivos de imagem ou outros tipos de arquivos, para evitar a detecção de autoridades e facilitar a disseminação desse tipo de conteúdo.
Na espionagem esta técnica se faz muito presente assim como em outros tipos de atividades ilícitas, onde os criminosos buscam ocultar informações ou segredos sensíveis dentro de outros arquivos, a fim de burlar a detecção e obter acesso não autorizado a sistemas ou transmitir mensagens de forma clandestina. É importante destacar que o uso da esteganografia para fins criminosos é ilegal e pode ter consequências legais.
Como identificar...
Detectar se uma imagem contém informações ocultadas por esteganografia pode ser um desafio, pois as técnicas de esteganografia são projetadas para serem imperceptíveis aos olhos humanos. No entanto, existem algumas técnicas e ferramentas que podem ser utilizadas para identificar a presença de informações ocultas em imagens.
1. Análise visual: Uma análise minuciosa da imagem pode revelar pistas visuais de possíveis informações ocultas, como variações sutis de cores, padrões ou texturas que parecem fora do comum. Isso pode ser feito comparando a imagem suspeita com uma imagem original ou com outras imagens semelhantes.
2. Análise de metadados: Os metadados de uma imagem, como informações de formato, tamanho, dados de criação e software usado, podem conter exemplos de esteganografia. Por exemplo, se o tamanho do arquivo de imagem é maior do que o esperado para a imagem em questão, pode indicar a presença de informações ocultas adicionais. Além disso, algumas ferramentas de esteganografia deixam marcas específicas nos metadados da imagem, o que pode ser detectado por meio de análise forense.
3. Análise de software e ferramentas de esteganografia: Existem várias ferramentas de software disponíveis que podem ajudar na detecção de informações ocultas em imagens por meio de técnicas de esteganálise. Essas ferramentas geralmente analisam os padrões de bits na imagem em busca de anomalias ou assinaturas características de algoritmos de esteganografia conhecidos. Eles podem identificar a presença de informações ocultas e fornecer relatórios detalhados sobre os tipos de esteganografia usados e as informações ocultas encontradas.
É importante ressaltar que a detecção de informações ocultas em imagens por esteganografia pode ser complexa e requer conhecimento especializado em esteganálise. Portanto, é recomendado o uso de ferramentas especializadas e consultoria de profissionais forenses capacitados em pesquisa digital para realizar uma análise detalhada e precisa.
Laercio Lacerda
Jornalista Investigativo
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